Queridos
irmãos e irmãs, paz e bem!
Estamos
em meio à quaresma, um tempo favorável ao arrependimento e à conversão. É tempo
de voltar ao Senhor, é tempo de ser Igreja. Como todos os anos, juntamente com
a quaresma, a Igreja do Brasil, por meio da CNBB (Comissão Nacional dos Bispos
do Brasil), nos propõe a Campanha da Fraternidade. O objetivo da campanha é
despertar a solidariedade nos cristãos e em toda a sociedade, sempre tendo como
tema algum problema social e buscando caminhos para solucioná-lo.
Porém,
nesse ano de 2016, há algo de diferente na Campanha da Fraternidade: ela é a
quarta campanha ecumênica da história. Além da Igreja Católica, a Campanha da
Fraternidade Ecumênica conta com a participação da Igreja Evangélica de Confissão
Luterana no Brasil, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, da Igreja
Presbiteriana Unida do Brasil, da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, do
Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), da
Visão Mundial, da Aliança de Batistas do Brasil, do CONIC (Conselho de Nacional
de Igrejas Cristãs) e do Misereor (comunidades católicas da Alemanha).
O
texto base afirma que “o testemunho ecumênico coloca-se na contramão de todo
tipo de competição e de proselitismo, tão frequentes no contexto religioso. É
uma clara manifestação de que o diálogo e o testemunho conjunto são possíveis.
É um apelo dirigido a todas as pessoas religiosas e de boa vontade para que
contribuam com as suas capacidades para a promoção da convivência, da justiça,
da paz e do cuidado com a criação. É, também, uma comprovação de que Igrejas
irmãs são capazes de repartir dons e recursos na sua missão’.
À
primeira vista, o ecumenismo parece uma nova situação na Igreja – mas não é! O
decreto do Concílio Vaticano II “Unitatis
Redintegratio”, assinado em 1964 pelo Papa Paulo VI e pelos padres
conciliares, entende que “movimento ecumênico” são as atividades e iniciativas,
que são suscitadas e ordenadas, segundo as várias necessidades da Igreja e
oportunidades dos tempos, no sentido de favorecer a unidade dos cristãos. Nos
diz também que “é necessário que os fiéis católicos, na ação ecumênica, se
preocupem com os irmãos separados, rezando por eles, comunicando com eles sobre
assuntos da Igreja, dando os primeiros passos em direção à eles. Sobretudo,
porém, examinem com espírito sincero e atento aquelas coisas que na própria
família católica devem ser renovadas e realizadas para que a sua vida dê um
testemunho mais fiel e luminoso da doutrina e dos ensinamentos recebidos de
Cristo, através dos apóstolos”.
“Não
há verdadeiro ecumenismo sem conversão interior. É que os anseios de unidade
nascem e amadurecem a partir da renovação da mente, da abnegação de si mesmo e
da libérrima efusão da caridade. Por isso, devemos implorar do Espírito divino
a graça da sincera abnegação, da humildade e mansidão no serviço, e da fraterna
generosidade para com os outros”. (Unitatis Redintegratio)
A
primeira Campanha da Fraternidade Ecumênica aconteceu no jubileu do ano 2000,
com o tema “Dignidade humana e paz”. Em 2005 a campanha tinha como tema
“Solidariedade e paz”, e refletia sobre a paz entre os homens, respeitando as
diferenças, trazendo como lema “Felizes os que promovem a paz”. Já em 2010 o
tema tratado foi “Economia e vida”, e nos levava a refletir uma perícope do
Evangelho de São Mateus: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt
6,24c).
Nesse
jubileu extraordinário da Misericórdia somos convocados pela campanha a
refletir sobre duas dimensões básicas para a subsistência da vida: o cuidado
com a criação e a luta pela justiça. Temos uma Campanha da Fraternidade
Ecumênica por excelência, ao refletirmos o tema: “Casa Comum, nossa
responsabilidade”.
Vivemos
todos em um mesmo planeta, nossa casa comum, e, por isso, somos chamados à refletir,
trabalhar e cuidar e cuidar de nossa Casa. A quaresma nos chama à conversão, a
Campanha da Fraternidade nos convida à uma mudança de atitude. Cuidemos de
nosso planeta!
Na
alegria do Senhor, que é a nossa força, caminhemos rumo à Páscoa da Ressurreição!
Junior Corrêa